16/02/2023
O etarismo está associado à morte precoce, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta constatação foi uniforme nos 10 estudos que examinaram este desfecho na Austrália, China, Alemanha e Estados Unidos.
Na China, pesquisadores descobriram que as pessoas idosas propensas ao etarismo contra si próprias apresentaram uma probabilidade quase 20% maior de morrer durante o período de seis anos do estudo do que as pessoas com percepções mais positivas sobre si mesmas.
O etarismo está associado com a piora da saúde física, e isso impede que a pessoa se recupere de um evento incapacitante. Dos 52 estudos que investigaram o impacto do etarismo sobre as doenças físicas realizados pela OMS, 50 encontraram vínculos.
As doenças físicas foram medidas em função da deficiência funcional, a presença de afecções crônicas e o número de eventos médicos agudos e hospitalizações. Por exemplo, em um estudo em Connecticut, EUA, as pessoas que tinham estereótipos de idade positivos apresentaram uma probabilidade 44% maior de se recuperarem plenamente de uma incapacidade severa do que aquelas com estereótipos etários negativos.
Em todos os 13 estudos sobre esse tema, as pessoas que vivenciaram etarismo tiveram maior probabilidade de adotar comportamentos de risco à saúde, deixando de tomar seus medicamentos da forma como prescritos,consumindo bebidas alcoólicas em excesso, praticando tabagismo ou alguma combinação desses malefícios.
Na Irlanda, um estudo com pessoas idosas examinou a relação entre o etarismo contra si mesmo e uso de cigarros e bebidas alcoólicas e mostrou que a maior conscientização sobre o envelhecimento e sobre as reações emocionais mais fortes em relação a isso aumentaram a probabilidade de fumar.
O etarismo contribui para a piora da saúde sexual e reprodutiva e está associado a um aumento nas taxas de infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Em todo o mundo, as pesquisas epidemiológicas indicam que as taxas das IST têm aumentado em pessoas idosas, e que o etarismo tem algo a ver com isso.
As pessoas idosas correm maior risco de contraírem IST devido à falta de informações e de campanhas voltadas para esse público. Além disso, é menos provável que as pessoas idosas busquem diagnóstico e tratamento por haver poucas informações sobre as IST, falta de serviços de saúde sexual para pessoas idosas e temor de se deparar com atitudes estaristas em relação à sua sexualidade.
A exclusão de pessoas idosas dos dados de vigilância e das pesquisas sobre as IST também pode ter contribuído para o aumento dessas doenças nessa população ao reduzir a conscientização sobre o risco das doenças entre essa parcela da população.
A deficiência na coordenação da atenção às pessoas idosas, a ineficácia na comunicação e a má orientação desse grupo quanto aos medicamentos são formas de etarismo institucional e interpessoal que podem levar o paciente a não aderir à medicação.
Cerca de 25% dos pacientes dos 70 aos 79 anos de idade sofrem de reações adversas, comparado com aproximadamente 4% das pessoas com idade entre 20 e 29 anos.
Isso se dá, em grande parte, à prescrição inadequada dos medicamentos. A polifarmácia, que é generalizada entre as pessoas idosas, produz uma série de consequências negativas: aumento nos custos de assistência à saúde, reações adversas aos medicamentos, redução da capacidade intrínseca e maior ocorrência de síndromes geriátricas, como quedas.
Mais de 10% das admissões de pessoas idosas em hospitais em decorrência de problemas agudos podem ser causadas pela falta de adesão aos regimes medicamentosos, e um quarto das internações em casas de repouso podem ser decorrentes da incapacidade das pessoas idosas se automedicarem.
Quer ler mais sobre o impacto que o etarismo tem sobre as pessoas idosas? A OMS possui um documento completo sobre o assunto!
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Seção Paraná (SBGGPR), fundada em 1980, é uma associação civil, sem fins lucrativos, que tem como objetivo principal congregar médicos e outros profissionais de nível superior que se interessem pela Geriatria e Gerontologia, estimulando e apoiando o desenvolvimento e a divulgação do conhecimento científico na área do envelhecimento.
Amanda Valim Kampa Cassab
Atual Presidente